"Como cada pessoa é uma pessoa, cada baralho de tarot carrega suas características, seu tom, sua voz. Como você escuta o que seus decks lhe contam? Que tom dão para as suas leituras? Qual é voz do seu tarot?
Blogagem baseada no texto Vozes dos Decks, na coluna La Pietra Oracolare do Bruxaria.net"
Blogagem Coletiva do Blog Oráculos do Feminino
Aqui estou eu novamente inspirado pelas meninas do Oráculos a pensar sobre o tarot. Desta vez a tarefa é refletir a respeito das vozes dos decks, um assunto tão interessante quanto absolutamente tudo que diz respeito ao tarot, sendo este tópico levemente mais intenso neste momento, por razões pessoais.
Recentemente, devido a fatos explicados no meu último post, alguns novos decks entraram em minha vida, me forçando de certa forma a viver intensamente essa inusitada (e, para mim, nova) experiência de sentir na pele as diferentes vibrações que cada baralho transmite. Pois bem, eu poderia ser um pouco mais ousado e tratar das vozes de cada um de meus decks - não são mais do que 5 - mas me parece mais válido focar em apenas um, não só para evitar um texto repleto de informações talvez desconexas, mas também porque se trata de um deck relativamente novo em minha vida; de modo que escrever sobre sua voz - e aqui eu acabo sendo um pouco egoísta- é um trabalho de enriquecedora aprendizagem para mim mesmo.
Bem, o deck em questão é o Tarot of Dreams, do Ciro Marchetti. Este deck é o segundo de uma "trilogia", a saber, The Gilded Tarot, Tarot of Dreams e The Legacy of The Divine Tarot, todos os três trabalhados dentro da arte digital tão caraterística do Ciro.
Antes de mais nada, este baralho fala comigo através de suas cores. Muito intensas, elas chegam a você sem transparecer sua força de forma óbvia, trazendo a mensagem principal, eu diria, para depois abrir espaço para pequenos detalhes que acrescentam e elaboram a leitura. Essas cores a princípio são quatro (ou cinco se contarmos as bordas dos arcanos maiores) e chamam muito nossa atenção. Leva um tempo, contudo, até nos acostumarmos com o fato de o naipe de copas estar em dourado (correspondendo azul às espadas, verde a ouros e vermelho, obviamente, aos paus).
O segundo elemento que muito me chama a atenção são as expressões faciais de seus personagens. Clicando ali em cima no nome do tarot vocês poderão ver algumas imagens que provam que tais expressões são muito específicas, mas vagas como só os sonhos podem ser. Não penso duas vezes antes de dizer que uma leitura neste deck é como um pulo no mundo onírico, onde tudo é possível. Fechar uma leitura e lembrar de suas cartas pode ser de fato recordar um sonho, seus personagens e os lugares em que tais sonhos se desenvolvem.
Falando em lugares, outro grande trunfo deste baralho se divide em quatro cartas adicionais chamadas palace cards. Estas cartas trazem as imagens de palácios relacionados a cada um dos quatro naipes dos arcanos menores. São os palácios de cada uma das cortes, cartas que conseguem dar uma dimensão a mais às leituras no sentido em que podem representar espaços físicos ou emocionais. Abaixo vocês podem ver o palácio de ouros (morava ali fácil fácil...):
Quanto à "fluidez" deste deck, não tenho muito a dizer. Isto vai de acordo com cada um e sua relação com as imagens e a proposta de cada baralho. Eu diria apenas que, para mim, logo na primeira vez ele funcionou como se eu já o conhecesse há anos. O 'testei' em um jogo para minha mãe e foi tão interessante que a carta dela foi o 9 de ouros, que neste deck traz uma mulher muito parecida com ela fisicamente.
No final do dia este deck é para aqueles que, como eu, gostam de criar mundos na imaginação. O universo contido no ToD é imenso e os símbolos sutis e gritantes se combinam perfeitamente, sejam em cores ou figuras, sejam em símbolos astrológicos ou letras do alfabeto hebraico, discretamente desenhados nos cantos das cartas. Este deck é como um sonho bom. Desses que ao serem interrompidos nos fazem cometer a loucura de enfiar a cabeça no travesseiro na tentativa de voltar "pra lá". A diferença aqui é que, para voltar, basta viramos uma carta.
"Dreams are more precious than gold..."