domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cena


Após uma longa noite de monólogos dedicados às frias estrelas, um príncipe de vestes negras desperta em uma praia triste e silente, deitado em fina areia.

Sem traços de lembranças ou sussurros de sua imagem, não sabe quem é, nem de onde vem.
Não possui um nome e muito menos bagagem. Que história lhe deu origem?

Apenas uma folha cravada na areia com um punhal. Letras talhadas ao vento...

Areia branca e céu cinza, entrelaçados,
como onda raivosa e neve em mi menor.

Ele é uma gota de sangue naquela imensidão gelada.

Dedica sua nudez à fria manhã,
se tornando um ponto final
sem botas, capa, chapéu e paletó.

Canta seu triste hino enlouquecido, rasga as palavras de estranha língua
e entra nas águas em busca das lembranças que jamais voltarão.

Some aos poucos, deixando nada para trás.

Que cena estranha, eu penso.

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