quinta-feira, 25 de março de 2010

Trovões

A fenda criada pelas cortinas entreabertas lança fachos de luz dentro da escuridão que me envolve. A luz vem em momentos oportunos, marcando um compasso que só eu conheço.
Não estremeço aos trovões, tão mansos...
Adoráveis, como um arrebatador campo de flores elétricas refletindo o sol.
A tormenta reina para além de minha janela e eu vejo teu nome refletir em meus cristais de lua e ametista. Seu nome, meu amor, traduzido na negação de meu feitiço, que a você chegou como pó, reflete e ilumina tudo, quase a ponto de me cegar.
Acaso traçou um destino, quando a porta supostamente se fechou?
Sei que não pode ver que meus cabelos deixaram de ser longos.
Sei que não vê que, sim, reconstruí tudo com minhas mãos; logo após a triste sinfonia daquela noite delicadamente dar espaço ao silêncio e claro, às luzes azuis de meu amanhecer.
Meu mundo está em ordem, sem o vento frio que outrora me acertava.
E minhas estrelas estão todas aqui, penduradas no meu céu de camurça verde, bem onde as recoloquei...
Eu só não contava com os trovões.
Não são meus, mas são a prova de que me apóio naquilo que não é dito. Eles o dizem. O fazem.
Prendo a respiração e me perco em meu morno manto, como um caracol.
Ouço harpas agressivas, maldições oriundas da antiga Gália...
Adormeço sorrindo de medo,
sem forças para cumprir esta promessa já desbotada.
Este feitiço oco e insano que há tanto tempo dediquei a você.
- And it can change in shape or form, but never change in size. Well, the water, it runs deep, my darling, where it don't run wide...

5 comentários:

Frank disse...

Estranho, o RSS só mandou este post agora! =/
Bom, após alguns posts do Rique-que-eu-entendo, voltamos para o Rique-que-eu-tento-compreender rss
Ainda assim, as palavras têm seu sentido e soam de uma forma branda. Eu gosto.

Frank disse...

Li (ou reli) "Feitiços aos Quatro Ventos". Agora sim, ao reler "Trovões", a sensação foi outra. Até mesmo, por reparar a data do primeiro texto. "Adormeço sorrindo de medo". Arrepiei agora rs. Você é mesmo bom nisso....
O texto do meu blog é de minha autoria. Resolvi, desta vez, tentar um modo de escrever que não é o que eu gosto (estou acostumado). Marquei como poesia para demonstrar minha manifestação, mas nao sei se consigo criar poemas! Isso eu deixo para poetas como você...
Abraço, beijo

Frank disse...

P.S. Eu nem sei diferenciar poesia de poema Nem dizer que tipo de texto eu escrevi hahaha

Frank disse...

Cadê post novo?!
Já! rs

Rafael Levi disse...

Parabens, seu post está ótimo ^^

Extremamente sensitivo. Seu texto refletiu exatamente o período que estou passando, quase como destino, afinal já faz muito tempo que você postou.

A mesma sensação de liberdade e meditação no suposto abandono. O sentimento nunca muda, mas os tempos já são outros.

...No final das contas não sobrou nem ruinas, não houve o que destruir.