quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lovely day

Essa é a terceira semana desde a volta das férias e, pela primeira vez, provavelmente em toda a minha vida, eu quero que tudo se foda. Tudo.

Foda-se mercúrio e essa mania de ser retrógrado. Foda-se marte em vênus ou seja lá o movimento que for que venha me prometer alívio. Que a maluca que me alimenta com essas coisas exploda em Urano. Que venha o inferno que for. Estou pronto.

Quero que meu salário se foda, que meu trabalho se foda. E pouco me importa se vão aprender a porra da voz passiva ou a caralha do presente perfect. Eu. não. ligo.

Quero que as reels e as jigs e a porra do Paddy's day se fodam. E todos os melhores violinistas do planeta podem estar aqui no país, na cidade ou na porra do meu bairro. Eu não ligo e não poderia me importar menos. Podem bater à minha porta - derruba-la, se for o caso - não movo um fio de cabelo em direção alguma. E nem é por falta de força - se trata precisamente do contrário.

E ligo menos ainda para você. E quero que você, mais que tudo isso, se foda.
Se foda e  leve contigo esse poder incrível de simplesmente ignorar o mundo que dediquei à você. Ou o mundo em si. Aliás, que esse mundo se foda também.

E estou aqui puxando essas placas, me lançando nesses ferros com uma fúria que poucas  vezes vi em mim. E tudo que eu consigo pensar é que para isso sim, eu ligo. Eu estou pouco me fodendo para você e seu olhar cínico. E pouco me importa se o próximo show da banda vai lotar ou não, se vou ganhar dinheiro ou não. Se esse cabelo ridículo vai crescer ou cair. Foda-se se tenho cabelos brancos. E que se foda também esse calor escroto, os babacas do francês, os memes, Bolsonaro e toda a corja de homofóbicos que enchem esse país. Que morram. E pouco me importa o almoço de hoje, a ausência da minha voz e a bateria do celular. Quero mais é que se foda.

Me moldo a ferro e sal. Fogo e suor.
Dessa vez eu vou destruir, meu amigo, porque a raiva às vezes alimenta também.
E hoje, fora isso, quero mais é que se foda.

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