- ... Achei que ele tinha voltado pra árvore mágica.
Nunca pensei que ouviria essas palavras numa conversa séria, mas aqui estou. Acabei de passar os olhos nesta frase e, realmente, é um daqueles momentos em que a vida nos mostra que temos sim, pelo menos, um pouco de sorte. Temos sempre onde nos segurar.
Eu e meus amigos: todos quebrados, todos estranhos, todos bizarros. Temos vodka e sprite - nada de vinhos caros. Somos todos contra coisas atrozes como o machismo e as pessoas babacas que preenchem essa cidade e esse país. Esse mundo, meu caro, esse mundo é nosso. Mesmo que nos digam que somos um bando de destrambelhados. We might be hollow but we're brave.
Temos uma árvore mágica protegida por um mini-cercado que me lembra os arames da jaula do T-rex em Jurassic Park. Temos palavras nossas - nossa própria língua - e nossos risos e gritos e canções. Temos nossa própria felicidade. E meu coração manchado parece intocado quando estou perto deles. Ah, e temos uma Rata, amiga nossa.
E a luz dos postes são como pequenas lâmpadas natalinas para nós, e nos embalam em baladas circulares. E giramos na calçada como feiticeiros em rituais e casualmente largamos uns aos outros para sair em turnês de vinte minutos preenchidas por beijos e corpos que nos cativam.
Nos afogamos nos lábios de garotos que caem perdidamente apaixonados por nós; e os largamos para trás com suas bocas marcadas e seus suores noturnos. Rimos sem parar, como se estivéssemos nos vingando do mundo inteiro por tudo que ouvimos desde sempre.
Rimos alto até a hora de ir à praia. E voltamos para nossas casas lá longe ao som de mais risos e pequenos refrões. Às vezes em conversas que vão desde as camadas polares de uma das luas de Júpiter aos papos depravados sobre sexo com taxistas.
Dormimos por 5 horas e despertamos para comer pizza, cansados e felizes.
A primeira música toca e estamos prontos para anoitecer à nossa maneira mais uma vez.
Sempre.
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