Parado nesta praia eu olho as estrelas. Eu quero ferver na certeza aguda de que eu sou o único ser humano no universo inteiro a contemplar esta visão. As estrelas me entendem. Eu as ouço, e elas me confortam, elas me envolvem, elas me sustentam. Ah, e as ondas... Essas ondas que não param nunca. Nossas almas que não param nunca. E todos nós - ondas e almas - vamos indo e vamos vindo com nossos segredos. E este momento é um segredo tão doce... Só eu, as ondas e as estrelas. Tão longe das luzes, dos homens e de seus silêncios ferozes. Será que há mais alguém enxergando essas estrelas de algum lugar? As ondas quebram, o vento bate e com um golpe repentino de ar aquela pontada me invade: não há sereias nesta praia, não há lua, não há amor. Mas então porque eu sei, com cada parte do meu corpo, que você também está a olhar este céu, a contemplar este universo? Já não sou mais eu porque sou água, sou areia, sou vento... Mas ainda assim te sinto aqui dentro! Eu falhei em ser só. Falhei. E hoje esta praia é o fim do mundo e eu te ouço incessantemente... Mas espere, meu amor, veja bem: não te ouço com ouvidos. Eu te ouço com estrelas... E te espero.
3 comentários:
Caraca...
Seu texto me fez pensar no Pequeno Príncipe. Sabe... ele vive numa estrela. E quando eu era pequena, eu ficava olhado pro céu fingindo q tava olhando pra ele.
Foda foi essa tua jogada de narrar/conversar/pensar no texto...
Delicado. Achei mt delicado. Achei um toque delicado na pele.
[:)]
Henrique, que lindo seu blog! Me lembro de ouvir você dizendo que tava mais para lingua que para literatura. Será? Beijos, Lara
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